quinta-feira, 14 de maio de 2015

DIÁRIO DE BORDO

"Oh minha senhora, isso são gases!"

Nunca percebi porque é que só se fala das coisas boas da gravidez e não das más... vou reformular: nunca percebi porque é que só se fala das coisas boas da gravidez e das coisas más do parto. Estejam mais atentas e vão perceber que é verdade.

Engravidamos e o que é que acontece? À nossa volta toda a gente tem opinião e experiências para partilhar. Óptimo, acho que a vida é isso mesmo, aprendermos uns com os outros. Aquilo que me faz confusão é que todas as histórias das gravidezes alheias são maravilhosas, é óptimo estar grávida, sentir o bebé, ficamos radiosas, com a pele bonita, cheias de energia. É uma fase em que recebemos muito mimo, atenção de todos à nossa volta, passamos à frente nas filas, temos prioridade em todo o lado... resumindo: uma maravilha! Quando chegam as histórias do parto: credo! Sofreu-se horrores, estiveram horas em trabalho de parto, foram todas cosidas, as recuperações custam muito, dar de mamar foi um suplício, as enfermeiras e auxiliares foram umas brutas, a comida de hospital ou maternidade também é uma porcaria, enfim... um pesadelo.


Ora, eu devo ser uma pessoa realmente diferente porque comigo as coisas não são nem foram bem assim. Para já, apesar de adorar estar grávida porque as coisas boas superam as más, é um facto que a gravidez é uma chatice. Muitos enjoos, tonturas, um sono tremendo, azia, cansaço, dores no corpo todo (costas, pernas, braços, dificuldade em respirar), pelo menos no meu caso, e gases. Muitos gases. Agora já não tanto mas no início, valha-me Santa Ingrácia! Só para terem uma noção, no fim-de-semana da Páscoa não andava a sentir-me muito bem e decidi ir às urgências do hospital onde estou a ser seguida porque estava cheia de cólicas, umas cólicas muito agudas, algumas difíceis de suportar. Pensei logo no pior, apesar de não ter qualquer sangramento. Lá fomos nós à 1h e tal da manhã, o Gil sempre com uma paciência do caraças mas também algo preocupado. Fomos logo atendidos, serviço 5 estrelas, e entrámos no gabinete de uma médica bem novinha, mais nova que eu. Expliquei-lhe a razão de estar ali, mandou-me deitar na marquesa, fez imensas perguntas, um toque, uma ecografia até perceber que aparentemente estava tudo bem, tudo normal. Apenas um senão. "Está a ver ali aquela mancha assim meio esbranquiçada?", perguntou ela apontando para o ecrã do ecógrafo, "Sim.", respondi eu. "Bem, na verdade aquilo é ar." "Ar??" perguntei eu cheia de vontade de rir, "Quer dizer, gases?", "Sim, isso..." retorquiu a médica também com um sorriso nos lábios e tentando manter uma postura séria. Tudo isto depois de ter partilhado com ela que achava a minha barriga grande demais para o pouco tempo de gestação que tinha e ela soltar a seguinte pérola "Sabe que isso não é só barriga de grávida..." OI?? A senhora Doutora chamou-me gorda? Pois, acho que sim. Como podem ver gravidez não é só um estado de graça, é também uma chatice necessária para vivermos a maior felicidade das nossas vidas.

Passemos ao parto que, no meu caso foi cesariana. Quando tive a Nô uma das perguntas frequentes era onde ia ter a bebé. E ia ter na Maternidade Alfredo da Costa. Ui! O que eu fui dizer. Na MAC?? Oh valha-me Santo Inácio!! O que eu ouvi... que as auxiliares eram umas brutas e que não tinham dó nem piedade para com as Mamãs, que a comida era um horror. Ao menos que tivesse a Nô de parto natural porque se fosse de cesariana então ia ser mais um problema. Recuperação muito longa e dolorosa, estar numa enfermaria com mais uma data de Mães e aturar os bebés das outras. Resumindo: tudo ao lado. Amei fazer cesariana e não me sinto menos Mãe por isso). Não sofri praticamente nada, não tive as chamadas dores de parto, foi super rápido, toda a equipa de médicos, enfermeiros e auxiliares espectacular, senti-me acarinhada, acompanhada, não me obrigaram a dar de mamar só porque sim, foram muito queridas em todo o processo, ajudaram-me a levantar, a ir à casa-de-banho, a tomar banho, a comida era muito saudável e saborosa e, por fim, adorei estar numa enfermaria com mais 7 Mães e os seus respectivos bebés. Foi uma aprendizagem conjunta, éramos todas Mães de primeira viagem. Tenho muitas saudades daqueles primeiros dias, aliás, chorei quando cheguei a casa, aí sim... senti-me desprotegida, sem o calor da maternidade. Agora acho que estou mais preparada desta vez.

Gosto sempre que percebam que cada caso é um caso e que, apesar de a opinião dos outros ser saudável, nem sempre é bom levarmos tudo muito a peito e à letra. Todos somos diferentes e lidamos com as nossas situações à nossa maneira.

Estar grávida é uma maçada mas eu adoro! (Não, não vai virar hashtag)


Arrojinha*

1 comentário:

  1. Ja temos saudade de actualizaões, Arroja!!!! Anda lá com isso!!! eheheh!

    O Pai,
    http://soupaieagorablog.blogspot.pt

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