quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

AFINAL ISTO ESTICA!

CORAÇÃO - O coração humano é o órgão responsável pelo percurso do sangue bombeado através de todo o organismo, que é feito em aproximadamente 45 segundos em repouso. Bate cerca de 109.440 a 110.880 vezes por dia, bombeando aproximadamente 5 litros de sangue.
Neste tempo o órgão bombeia sangue suficiente a uma pressão razoável, para percorrer todo o corpo nos sentidos de ida e volta, transportando assim, oxigênio e nutrientes necessários às células que sustentam as atividades orgânicas." (In Wikipédia)

Esta é a designação médica, oficial, científica, whatever. Acrescento que não convém que o coração estique literalmente ou aumente de tamanho pois corremos o risco de ele rebentar e pufff! Já fomos.

CORAÇÃO DE MÃE - É o mesmo órgão mas com uma particularidade incrível: estica, estica e estica sem parar. Lá dentro cabem 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e, no caso da minha sogra, até 9 filhos de uma vez só!!! O mais espectacular é que ele não pára, podem ser 10, 20 ou 30! Todos os filhos cabem num coração de Mãe, pelo menos, é o que sempre ouvi dizer e também do que sempre desconfiei. Não podia ser, como é que se consegue amar tanto filho? Como é que gosta de todos de forma igual? É mas é uma granda' confusão. Só que não.
Quando fui Mãe da Nô (há 10 anos) o sentimento foi tão avassalador, o meu amor por ela foi tão grande e desmedido que achei que não era possível amar mais nenhum filho como a amava a ela. Quanto mais o tempo passava mais eu me rendia e me apaixonava loucamente por aquele projecto de gente que nem 1 metro de altura tinha. Sentia-me completamente esmigalhada em todos os sentidos. Eu que pensava que já tinha vivenciado todos os tipos de amor e paixão estava agora a lidar com um sentimento maior do que todo o Mundo, maior do que todo o Universo, maior do que todas as Galáxias juntas. Eu que sempre quis ter 3 filhos chegava agora à triste conclusão de que afinal ia ficar só por ali. Mas que raio! Como é que eu me ia dividir em duas, em três Mães? Como é que daria atenção a todos? Como é que daria amor e carinho a todos por igual? Alguém fazia o favor de me explicar??? É que isto não entrava na minha cabeça. Ok, a maternidade afinal era tudo o que me tinham contado e mais ainda mas e agora? E depois do 1º filho? Como é que eu multiplicava este amor desmedido por mais filhos? Sempre vivi com esta angústia, confesso e por isso adiámos o plano de dar um mano ou mana à Nô. "Será que ela vai ter ciúmes?", "Será que vai sentir-se em 2º plano?", "Como será que vai lidar com o facto de ter de partilhar os Pais com outra criança?", "Como é que eu vou lidar com isso tudo?". Medo. Senti medo. Um medo estúpido e que não tinha razão de ser, afinal era a Nô quem mais queria um mano. 
Desde muito pequenina, muito pequenina mesmo com 3 ou 4 anos, que a Nô pedia um mano, na verdade uma mana. "Tou farta de estar sozinha!" era a queixa mais comum. Não porque não brincássemos com ela mas porque, segundo ela, "Brincar com vocês é bom mas eu preciso de uma criança. Assim não tem tanta graça." Lol! Eu não sabia se havia de rir ou de ficar emocionada com este desabafo. É que era de partir o coração. Ela queria mesmo uma mana, não era só conversa da boca para fora, como podem comprovar pelas Pérolas mais antigas aqui no bloguinho ou no nosso livro. Ela queria loucamente uma mana chamada Béria (not!).
A nossa vida não é fácil, amamos aquilo que fazemos desde sempre, eu e o Gil, mas não temos horários fixos, fazemos muitas viagens e acabamos por sentir que não passamos tempo suficiente com os nossos filhos. Essa também foi uma razão para termos adiado uns anos a decisão de sermos Pais novamente. Queríamos dar o máximo de atenção possível à Nô. Só eu sei o que me custava vê-la agarrada às minhas pernas, aos fins-de-semana quando era DJ Residente no Hard Rock Cafe Lisboa, a gritar "Não vás Mãe, por favor! Não me deixes aqui! Leva-me contigo!", isto tudo lavada em lágrimas em casa dos meus Pais (sempre foi muito dramática a sacana) mas ela era muito pequena e não podia ir connosco. Hoje em dia já nos acompanha para todo o lado e é muito fixe. Não sei quem é que adora mais tê-la por perto, se ela, se nós.
Ora, isto para explicar porque é que só começámos a pensar noutro filho quando ela estava prestes a fazer 6 anos, achámos que era uma boa diferença e não tínhamos muitas despesas ao mesmo tempo. Demorámos algum tempo mas lá conseguimos engravidar, aliás, quando lancei o livro das Pérolas Mini-Arrojadas em Abril de 2013 já estava grávida e não sabia... mas não correu bem, infelizmente. Acredito que não era para ser, não era o momento certo (por diversas razões) e este nosso filho Salvador estava reservado para mais tarde. O nosso Baby S!
Fevereiro de 2015 descubro que estou grávida!! Queria tanto, demorámos tanto para conseguir e sofremos tanto que nem queria acreditar!! Só que logo de imediato as dúvidas instalaram-se na minha cabeça: "E agora? Como é que eu vou ser capaz de amar esta criança da maneira louca como amo a Nô? Toda a gente diz que consegue mas eu não vou conseguir porque ela é tão especial, tão única, tão luminosa, tão perfeita! Vou ser uma péssima Mãe, vou fazer distinção entre os dois e este novo bebé vai perceber, vai ser uma criança carente e blá, blá, blá!" Pior: era um rapaz e eu nunca me vi Mãe de um rapaz, não me perguntem porquê. Sempre achei que ia ter só meninas, não achava graça nenhuma à roupa dos rapazes, achava-os muita doidos em relação às meninas, achava que não ia ter paciência nem ia saber lidar com um, afinal, já estava habituada a uma miúda. Tretas. Tudo tretas, fantasmas nas nossas cabeças medrosas, na minha cabeça parva cheia de minhocas. 
O Salvador nasceu no dia 29 de Setembro de 2015 e assim que o vi o amor foi imediato, não havia volta a dar: tava fisgada outra vez! E afinal o sentimento é exactamente o mesmo, o amor é o mesmo, a dedicação, o carinho, a saudade quando estamos longe, tudo, é tudo igual. Afinal cabem os dois neste meu coração de Mãe e sim, é verdade tudo o que nos dizem: onde cabe 1 cabem 2 ou 3. Mesmo. É tão bom chegar a esta conclusão, é um alívio tão grande, é acabar com um medo que não tinha razão de ser. A minha razão de ser são sim os meus filhos de igual maneira. Tão diferentes mas tão meus, tão diferentes mas tão amados na mesma proporção desmedida que transborda a cada dia que passa. E sim, ainda cabia mais 1 mas acho que já não vou lá. Não podermos ter mais um filho porque a nossa estrutura financeira não nos permite é lixado, é ingrato e injusto mas não me importo assim tanto, já tenho o meu Euromilhões: dois filhos lindos e saudáveis que eu espero que sejam sempre boas pessoas, íntegros, respeitados e com respeito pelos outros. Da nossa parte, Mãe e Pai, podem sempre contar com um coração extensível com tamanho igual ao nosso amor por eles. 
Tenho dois filhos e amo os dois da mesma maneira. Sempre achei que não ia ser capaz mas a vida tem o dom de nos surpreender, de nos desarmar e de provar que estávamos errados.
Afinal isto estica e é tão bom!

Arrojinha*

2 comentários:

  1. Que espelho... Senti todo esse turbilhão de emoções... no fim está a dar tudo certo... Gustavo um baby lindo, fofo e saudável como a mana Carolina ♡♡ bj

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  2. Que bom que não sou a única!!
    Muitos beijinhos arrojados e felicidades para os Babys <3

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